Quanto Custaria um iPhone "Made in the USA"

A discussão sobre a fabricação de produtos Apple nos Estados Unidos ganhou destaque novamente com as recentes tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. Analisando as informações disponíveis, podemos entender os desafios e custos envolvidos em um hipotético iPhone totalmente fabricado em solo americano.

TECNOLOGIA

Equipe Ublee

4/24/20252 min ler

Quanto Custaria um iPhone Made in the USA Ublee News
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Os desafios da fabricação nacional

Atualmente, a Apple projeta seus produtos na Califórnia, mas a fabricação acontece principalmente por parceiros contratados como a Foxconn, que opera enormes complexos industriais na China. Estes complexos incluem dormitórios e sistemas de transporte que permitem à Apple produzir mais de 200 milhões de iPhones anualmente.

Segundo Tim Cook, CEO da Apple, um dos principais obstáculos para a produção nos EUA é a falta de mão de obra especializada. Em uma entrevista de 2017, Cook mencionou especificamente a escassez de engenheiros de ferramentas nos Estados Unidos:

"O motivo é a quantidade de habilidade em um local e o tipo de habilidade que é", explicou Cook. "Uma reunião de engenheiros de ferramentas na China poderia lotar vários campos de futebol, mas nos EUA seria difícil lotar apenas um."

O impacto nos custos

Analistas apontam para um aumento significativo no preço de um iPhone fabricado nos EUA:

  • Wamsi Mohan, do Bank of America Securities, estima que o iPhone 16 Pro, atualmente vendido por US$ 1.199, poderia custar 25% mais apenas considerando os custos trabalhistas americanos, chegando a aproximadamente US$ 1.500.

  • Dan Ives, da Wedbush, apresenta uma previsão mais extrema de US$ 3.500 por unidade.

  • A diferença salarial é expressiva: enquanto trabalhadores da Foxconn na China recebem cerca de US$ 3,63 por hora (26 yuans), o salário mínimo na Califórnia é de US$ 16,50 por hora.

  • O custo de mão de obra para montar e testar um iPhone nos EUA chegaria a US$ 200 por unidade, comparado a US$ 40 na China.

Tentativas anteriores e resultados

O histórico de tentativas de trazer a fabricação para os EUA não é animador:

  • Em 2017, a Foxconn anunciou um investimento de US$ 10 bilhões para construir fábricas em Wisconsin, com promessa de criar 13.000 empregos.

  • No final, a instalação gerou apenas 1.454 empregos e acabou produzindo máscaras faciais durante a pandemia, não dispositivos eletrônicos.

  • A maior parte da instalação de Wisconsin permanece não construída.

A complexa cadeia de suprimentos

Mesmo que a montagem final ocorresse nos EUA, a maioria dos componentes continuaria vindo da Ásia:

  • O processador é fabricado pela TSMC em Taiwan

  • As telas são produzidas por empresas sul-coreanas como Samsung e LG

  • A maioria dos outros componentes é fabricada na China

Mohan observa: "Embora seja possível transferir a montagem final para os EUA, transferir toda a cadeia de suprimentos do iPhone seria uma tarefa muito maior e provavelmente levaria muitos anos, se possível."

A experiência brasileira

A Apple tentou expandir a produção para o Brasil em 2011 com uma fábrica da Foxconn avaliada em US$ 12 bilhões. Mesmo com essa iniciativa:

  • A maioria dos componentes continuou sendo importada da Ásia

  • Em 2015, quatro anos após o anúncio, os iPhones fabricados no Brasil eram vendidos pelo dobro do preço dos fabricados na China

Perspectivas futuras

Analistas de Wall Street consideram improvável a fabricação completa de iPhones nos EUA. Em vez disso, a Apple poderia optar por produzir alguns produtos de menor volume nos Estados Unidos, como já fez com o Mac Pro fabricado em Austin, Texas, buscando isenções tarifárias.

A Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), principal fabricante de chips da Apple, já começou a produzir pequenas quantidades de chips de última geração em uma nova fábrica no Arizona, mostrando que alguns componentes podem ser gradualmente nacionalizados.

Fontes: Informações baseadas em análises do Bank of America Securities, Wedbush, declarações de Tim Cook, histórico de operações da Foxconn, e dados do South China Morning Post sobre condições trabalhistas na manufatura de eletrônicos.