Warren Buffett Anuncia Saída do Comando da Berkshire Hathaway Após Quase 60 Anos

Reconhecido mundialmente como um dos maiores investidores de todos os tempos, anunciou que deixará o cargo de CEO da Berkshire Hathaway ao final deste ano. O anúncio, inesperado, foi feito nos instantes finais de uma extensa sessão de perguntas e respostas que durou quase cinco horas, durante a tradicional reunião anual da empresa em Omaha, no último sábado.

NEGÓCIOS

ublee.space

5/4/20259 min ler

Warren Buffet for Ublee
Warren Buffet for Ublee

A notícia pegou de surpresa o público que lotava o estádio. O silêncio tomou conta do ambiente. Buffett, hoje com 94 anos, ocupa o posto de CEO desde 1970. Nesse período, ele foi o principal responsável por transformar a Berkshire Hathaway: de uma pequena e problemática fabricante têxtil à beira da falência, a companhia se tornou um dos maiores conglomerados do mundo, avaliada em mais de 1 trilhão de dólares. A trajetória de Buffett é marcada por decisões de investimento emblemáticas, uma filosofia de negócios baseada no valor de longo prazo e uma postura ética que inspirou gerações.

Da Infância à Lenda dos Investimentos

Warren Edward Buffett nasceu em 1930, em Omaha, Nebraska, onde mantém até hoje a sede da Berkshire e sua própria residência. Desde criança, demonstrou interesse pelo mundo dos negócios: aos 11 anos, comprou suas primeiras ações; aos 13, já entregava jornais e fazia pequenas apostas em máquinas de pinball. Sua obsessão por números e estatísticas se tornou um diferencial ao longo de sua carreira.

Formado em Economia pela Universidade de Nebraska, Buffett foi aluno de Benjamin Graham na Columbia Business School — o autor de “O Investidor Inteligente” e precursor do value investing, filosofia que prega investir em empresas subvalorizadas pelo mercado. Buffett adaptou e refinou essa estratégia ao longo da vida.

Transformação da Berkshire Hathaway

Quando assumiu o controle da Berkshire Hathaway, a empresa estava em crise e operava no setor têxtil, um segmento decadente nos Estados Unidos. Em vez de insistir no ramo, Buffett utilizou a empresa como veículo para adquirir outros negócios, começando por seguradoras — ponto estratégico para obter capital para investir em novas oportunidades. Ao longo das décadas, a Berkshire diversificou seu portfólio, adquirindo participações em gigantes como Coca-Cola, American Express, Apple, e empresas inteiras como GEICO, BNSF Railway e Dairy Queen.

A disciplina, a paciência e o olhar de Buffett para o valor intrínseco das empresas renderam retornos extraordinários aos acionistas da Berkshire. Sua carta anual aos investidores é aguardada com entusiasmo no mercado financeiro mundial, sempre recheada de lições sobre negócios, investimentos e ética.

O Anúncio e o Futuro da Berkshire Hathaway

Durante a reunião, Buffett demonstrou vitalidade e clareza ao abordar questões sobre políticas econômicas, gastos públicos, estratégias de investimento e o enorme caixa da Berkshire, que ultrapassa US$ 150 bilhões. Muitos esperavam que ele seguisse à frente da empresa por mais tempo, dada sua energia e histórico de saúde.

Ao revelar sua decisão, Buffett contou que apenas dois de seus três filhos — ambos membros do conselho — sabiam de sua escolha antecipadamente. Nem mesmo Greg Abel, executivo canadense apontado previamente como seu sucessor, havia sido informado. Abel, que comanda as operações não relacionadas a seguros da Berkshire desde 2018, é visto como herdeiro natural da filosofia e da cultura de governança da empresa.

Após o anúncio, a emoção tomou conta do público, que aplaudiu Buffett de pé duas vezes, em um gesto de respeito e gratidão por seu legado.

Buffett afirmou que, embora esteja de saída do cargo executivo, permanecerá envolvido e disponível para aconselhar a Berkshire sempre que necessário. Ele reiterou que o comando e as decisões passarão oficialmente para seu sucessor, mas que continuará acompanhando de perto o futuro da empresa.

Conhecido por seu estilo de vida simples — mora na mesma casa desde 1958 e dirige carros modestos —, Buffett também é um dos maiores filantropos do mundo. Junto de Bill Gates, criou a iniciativa "Giving Pledge", comprometendo-se a doar grande parte de sua fortuna.

Em reconhecimento à sua trajetória, o próprio Buffett lembrou, com humildade e bom humor, de sua reputação no mundo dos investimentos:

A saída de Buffett marca o fim de uma era, mas também abre caminho para um novo ciclo na Berkshire Hathaway, guiado pelos princípios e valores que ele cultivou ao longo de quase seis décadas.

Charlie Munger: O Sócio Brilhante de Warren Buffett e Seu Legado na Berkshire Hathaway

O Encontro de Duas Mentes

A história da Berkshire Hathaway e do próprio Warren Buffett não pode ser contada sem mencionar Charlie Munger. Advogado de formação e investidor por paixão, Munger tornou-se o braço direito, o conselheiro mais próximo e o grande amigo de Buffett ao longo de mais de cinco décadas de colaboração. A parceria entre os dois foi fundamental para transformar a Berkshire em um dos maiores conglomerados do mundo.

Buffett e Munger se conheceram em 1959, em Omaha, cidade natal de ambos. Logo perceberam afinidades em valores, ética e, principalmente, na forma racional e independente de analisar investimentos. Em 1978, Munger tornou-se vice-presidente da Berkshire Hathaway, cargo que ocupou até sua morte.

A Influência de Munger

Enquanto Buffett já era conhecido como discípulo de Benjamin Graham e adepto do “value investing”, Munger trouxe uma perspectiva mais ampla e sofisticada para os investimentos da Berkshire. Ele encorajou Buffett a abandonar a busca exclusiva por “barganhas” no mercado e buscar empresas excepcionais, mesmo que isso exigisse pagar preços mais altos — desde que o potencial de longo prazo fosse extraordinário.

Munger também ajudou a consolidar a cultura intelectual da Berkshire, com ênfase em pensamento multidisciplinar, paciência e ética. Suas frases marcantes e seu humor ácido tornaram-se célebres, como “É melhor comprar uma empresa maravilhosa por um preço justo do que uma empresa justa por um preço maravilhoso”.

Além da atuação na Berkshire, Munger foi presidente do conselho do Daily Journal Corporation e dirigiu outros negócios de sucesso, sempre com uma abordagem racional, cética e aberta ao aprendizado contínuo.

Amizade e Admiração Mútua

A relação entre Buffett e Munger era muito mais do que profissional. Eles cultivaram uma amizade profunda, baseada em respeito, honestidade brutal e diversão intelectual. Nas famosas assembleias anuais da Berkshire, conhecidos como “Woodstock do Capitalismo”, a dupla respondia perguntas de acionistas com bom humor, inteligência e franqueza incomum no mundo corporativo.

Buffett frequentemente reconheceu que “Berkshire Hathaway não seria nem metade do que é sem Charlie Munger”. Ele atribui ao sócio a evolução de sua própria filosofia de investimentos e a sabedoria necessária para tomar decisões complexas.

A Morte de Charlie Munger

Charlie Munger faleceu em 28 de novembro de 2023, aos 99 anos, poucas semanas antes de completar seu centésimo aniversário. Sua morte marcou o fim de uma era na Berkshire Hathaway e foi sentida em todo o mundo dos negócios. Buffett escreveu um tributo emocionado ao amigo: “Sem Charlie, a Berkshire Hathaway seria praticamente irreconhecível”.

A comunidade de investidores, empresários e admiradores de Munger destacou seu legado de integridade, inteligência implacável e generosidade ao compartilhar conhecimento. Seu pensamento independente e sua disposição em desafiar opiniões, inclusive as do próprio Buffett, foram cruciais para o sucesso da Berkshire.

Legado Duradouro

Charlie Munger deixou muito mais do que fortuna. Deixou uma cultura de aprendizado e de busca incessante pela verdade, um exemplo de como a humildade intelectual e a parceria verdadeira podem criar algo muito maior do que qualquer realização individual. Buffett e Munger mostraram que, juntos, dois amigos com princípios sólidos e mentes abertas podem transformar o mundo dos investimentos — e inspirar gerações.

O Oráculo de Omaha Além dos Investimentos

1. A Casa de Sempre

Apesar de acumular uma fortuna de mais de US$ 100 bilhões, Warren Buffett é famoso por seu estilo de vida modesto. Ele mora na mesma casa em Omaha, Nebraska, desde 1958. Na época, pagou cerca de US$ 31.500 pela residência — um valor que hoje parece irrisório, especialmente para um dos homens mais ricos do mundo. Buffett sempre afirmou que adora sua casa, considera-a confortável e não vê sentido em mudar só para ostentar luxo. Para ele, simplicidade e conforto têm mais valor do que extravagância.

2. O Casamento com a Amiga da Esposa

A vida afetiva de Buffett também é marcada por uma história peculiar e humana. Ele foi casado por mais de 50 anos com Susan Thompson Buffett, sua grande companheira e incentivadora, que faleceu em 2004. O relacionamento dos dois, porém, era fora do padrão: em 1977, Susan decidiu seguir carreira como cantora e mudou-se para a Califórnia, mas manteve uma relação próxima e afetuosa com Buffett.

Antes de partir, Susan apresentou Buffett à amiga Astrid Menks, que passou a cuidar dele em Omaha. A relação entre Buffett, Susan e Astrid era tão harmoniosa que os três, durante anos, assinaram juntos cartões de Natal enviados aos amigos. Após a morte de Susan, Buffett e Astrid oficializaram a união em 2006, reforçando os laços de confiança e lealdade que haviam construído juntos.

3. Como Trata os Filhos

Buffett tem três filhos: Susan, Howard e Peter. Apesar da imensa fortuna, ele sempre deixou claro que não pretendia deixar grandes heranças para eles. O motivo? Buffett acredita que dar grandes somas aos filhos pode ser prejudicial, pois tira deles o incentivo para construir seus próprios caminhos e desenvolver autonomia.

Ele já declarou:

“Dei a eles o suficiente para que possam fazer o que quiserem, mas não o suficiente para que possam não fazer nada.”

Em vez disso, Buffett incentiva seus filhos a seguirem suas paixões e a se envolverem em causas filantrópicas. Todos eles atuam em projetos sociais e fundações próprias, e têm participação ativa na Fundação Buffett, que apoia educação, saúde reprodutiva e outros temas relevantes. Howard Buffett, por exemplo, dedica-se a projetos agropecuários e combate à fome; Peter é músico e filantropo; Susan se envolve em iniciativas de justiça social.

4. Hábitos Simples e Rotina Inusitada

Buffett é conhecido por seus hábitos alimentares pouco sofisticados. Ele costuma tomar café da manhã no McDonald’s e já afirmou que, se o mercado está em baixa, opta pelo sanduíche mais barato. Prefere Coca-Cola a bebidas sofisticadas e é fã de sorvete e fast food.

Outro traço curioso é seu amor por bridge, um jogo de cartas. Ele joga regularmente — inclusive online — e já afirmou que, se pudesse, passaria a maior parte do tempo jogando com amigos como Bill Gates.

5. Carro Popular e Pouco Interesse em Luxos

Ao contrário de outros bilionários que colecionam carros de luxo, Buffett dirige modelos populares e só troca de carro quando o anterior apresenta problemas sérios. Ele também nunca teve um smartphone — por muitos anos usou um celular flip simples — e só recentemente adotou o iPhone, principalmente para atender às demandas do conselho da Apple, empresa na qual é um grande investidor.

6. Filantropia em Vida

Buffett é um dos maiores doadores da história, comprometendo-se a doar mais de 99% de sua fortuna. Ele prefere doar em vida e acompanhar o impacto das iniciativas. Acredita que “o dinheiro tem um potencial muito maior nas mãos de pessoas dedicadas a mudar o mundo”.

Filantropia e a Amizade com Bill Gates

A trajetória de Warren Buffett vai muito além dos investimentos e dos resultados extraordinários à frente da Berkshire Hathaway. Nos últimos anos, Buffett tem se destacado também como um dos maiores filantropos da história, com iniciativas que estão transformando o conceito de doação de grandes fortunas.

O Compromisso com a Filantropia

Apesar de ter acumulado uma das maiores fortunas do planeta, Buffett sempre afirmou que o dinheiro só faz sentido se for usado para melhorar a vida das pessoas. Em 2006, ele surpreendeu o mundo ao anunciar que doaria a maior parte de sua fortuna para a caridade. Desde então, Buffett já destinou mais de US$ 50 bilhões para fundações filantrópicas, a maior parte para a Fundação Bill & Melinda Gates, que atua em áreas como saúde global, combate à pobreza e educação.

Buffett estabeleceu uma filosofia clara: seus filhos receberiam apenas uma pequena parte de sua herança, pois ele acredita que “dar uma quantia gigantesca de dinheiro a filhos ricos não é um ato de amor, mas de desamor”. Para ele, a melhor forma de garantir um legado positivo é investir em causas que beneficiem a sociedade como um todo.

The Giving Pledge: Um Novo Padrão para Bilionários

Em 2010, Buffett e Bill Gates lançaram juntos a iniciativa The Giving Pledge (“O Compromisso de Doação”), convidando bilionários do mundo inteiro a se comprometerem publicamente a doar pelo menos metade de suas fortunas para causas filantrópicas durante a vida ou no testamento. O foco não está apenas no valor doado, mas em incentivar uma cultura de generosidade e responsabilidade social entre os mais ricos. Até hoje, dezenas de bilionários de diversos países aderiram ao movimento, ampliando o impacto da filantropia em escala global.

Uma Amizade de Confiança e Propósito

A relação entre Warren Buffett e Bill Gates vai além dos negócios e da filantropia: trata-se de uma amizade genuína, construída ao longo dos anos com base em respeito e admiração mútua. Eles se conheceram em 1991, quando Gates era o CEO da Microsoft. Inicialmente, Gates não tinha interesse em conhecê-lo, achando que o mundo dos investimentos era distante do mundo da tecnologia. No entanto, após um encontro promovido pela mãe de Gates, ambos rapidamente perceberam afinidades profundas — curiosidade intelectual, humor afiado e um compromisso com a ética e o impacto positivo no mundo.

Desde então, Buffett e Gates se tornaram grandes amigos e parceiros de bridge, um jogo de cartas que ambos adoram. Gates reconhece a influência de Buffett não apenas nos negócios, mas também em sua visão de vida e filantropia. Eles compartilham conselhos, trocam ideias e, através da Fundação Gates e do Giving Pledge, trabalham juntos para combater problemas globais como doenças infecciosas, pobreza extrema e desigualdade educacional.

A união entre Buffett e Gates mostra como a amizade, quando aliada a valores e propósitos comuns, pode gerar resultados extraordinários. Juntos, eles estão redefinindo o papel dos bilionários no século XXI, mostrando que é possível transformar riqueza em oportunidades para milhões de pessoas no mundo inteiro.

Essas curiosidades mostram que Warren Buffett, embora bilionário, cultiva simplicidade, autenticidade e valores sólidos em sua vida pessoal, servindo de exemplo não só para investidores, mas para todos que buscam equilíbrio entre sucesso financeiro e realização pessoal.